Tudo tem um preço
Ivi Pastorelli Morita
Pode até parecer coisa de mercenário,
mas não é. Porque tudo tem um preço e nem sempre estamos falando em dinheiro.
Você já ouviu milhões de vezes que
ninguém vive sozinho e para viver em sociedade é preciso pagar um preço.
Sim, agora estamos falando de dinheiro.
Se você não tiver dinheiro não vai ter como comprar roupa e comida, não vai ter
onde se abrigar do frio e da chuva e, provavelmente, vai morrer.
Mas também estamos falando de outro tipo
de cobrança: se você tem uma família, você tem que pagar o preço de obedecer
regras, você precisa dispender tempo, carinho, atenção - esse é o preço!
Se você quer ter um emprego, precisa se
sujeitar a normas, horários, precisa saber lidar com encarregados, chefes,
companheiros de trabalho e, muitas vezes, traições - isso, às vezes, é um preço
muito alto para a maioria de nós.
Se você trabalha por conta própria
precisa pagar o preço de ser sempre agradável com o cliente, com o fornecedor,
com o transportador, precisa calcular muito bem os lucros e os gastos, precisa
resolver conflitos com os colaboradores, precisa trabalhar quando todo mundo já
foi para a casa descansar. Isso é um preço a pagar.
Morar sozinho também tem um preço, você
pode acordar no meio da noite e não ter alguém para te ajudar se estiver com
muita dor e não conseguir chamar o socorro.
A liberdade tem um preço alto.
Se mora com alguém pode ter que suportar
coisas que não gosta e fazer o que não quer. Isto é um preço.
Ser rico tem um preço alto, na maioria
das vezes o trabalho que te traz o dinheiro te tira o tempo e a vontade que
você precisa para agradar pessoas que não vão te trazer dinheiro.
Ser bom em alguma coisa também tem um
preço - estudos, treinos, viagens, noites em claro, dores.
A morena bonita tem um preço e o
empresário rico também. Seus filhos tem um preço, sua nora tem um preço. O
cabelo bonito tem um preço. O corpo perfeito tem um preço. O carro na garagem
tem um preço. Morar na praia tem um preço.
A gente vai pagando aqui e ali, muitas
vezes com um desgaste emocional tremendo. Por quê? Ora, porque você não tinha
cacife para pagar o preço que a vida ia te cobrar - e muitas vezes daí surge a dor nas costas, a tristeza sem motivo e
outras coisas que a gente nem percebe, mas estão lá incomodando - como monstros
dentro da gente. Quem nunca encontrou alguém que vai para a beira do rio
"esfriar a cabeça" ou queria ir morar no meio do mato afastado de
tudo e de todos? Ou bebe para esquecer? Ou toma um doce para se desligar? Estão
vendo que o preço é alto demais e sua capacidade de pagar não!
O que a gente deve fazer então?
Comprar aquilo que a gente dá conta de
pagar. Morar na casa que a gente dá conta de alugar. Casar com a pessoa que a
gente dá conta de satisfazer. Trabalhar no serviço que a gente dá conta de
executar. Ter amigos que a gente dá conta de agradar. Falar sobre coisas que a
gente dá conta de entender.
Mas, se você quer uma coisa que tem um
preço muito alto, então é melhor desistir? Não! A vida é interessante por isso:
tudo e todos têm um preço e muitas vezes surge alguém que você nem tinha visto
na disputa e consegue pagar o preço! Cada um sabe até onde consegue chegar e
que preço pode pagar - só você sabe.
Tudo me é lícito, mas nem tudo me convém
Ivi
Pastorelli Morita
A frase acima é uma citação bíblica,
atribuída ao apóstolo Paulo. Basicamente diz que devemos fazer o que queremos
desde que isso não prejudique ninguém.
Porque o universo é uma manifestação do
divino e a lei mais atuante é a lei do retorno, a lei da causa e efeito, onde
tudo o que você faz volta para você.
Mas isso muitas vezes não é possível.
Vamos pensar num mandamento básico que rege inclusive nossa vida social: Não
matarás. Sim, não mataremos desde que não estejamos correndo perigo. Se você
tomar como exemplo uma mãe, suponhamos que ela descubra que alguém está
planejando fazer mal a seu filho, o "não matarás" acaba dando lugar
ao "não ouse tocar num fio de cabelo dele!" - e, sim, essa mãe é
capaz de matar para proteger a sua cria.
Seguindo ao pé da letra, corremos o risco
real de ficarmos paralisados pelo medo e não fazemos nada porque no fim tudo o
que a gente faz pode prejudicar alguém.
Por exemplo, se você conseguiu a vaga de
emprego, "prejudicou" outros que lutavam pela vaga.
Então, como saber o que me convém fazer?
Como saber em que medida não vou
prejudicar alguém?
Viver é saber equilibrar os prejuízos que
causamos aos outros, mesmo sem intenção.
Devemos seguir aquilo que nos faz crescer,
evoluir e ser um agente da divindade na vida (Vós sois a luz do mundo!).
Não precisamos de alguém que nos diga que
é errado matar, que é errado roubar, que é errado desrespeitar o livre-arbítrio
de outra pessoa.
O que me convém?
A cada um a resposta é diferente. Que
objetivos você quer alcançar? Que princípios e valores são os seus? Quem você
quer ser? O que você quer defender? Quem é importante para você? O que é
importante para você?
Tudo me é lícito, mas só me convém aquilo
que está de acordo com o meu pensamento e com o meu coração. O resto todo é
ilusão!
Não há o que seja certo, mas o errado é
você se curvar sob a expectativa e as verdades das outras pessoas.
18/09/2021
Paixão e gradatividade
Ivi
Pastorelli Morita
Estávamos hoje em casa conversando
sobre como é impossível viver duas coisas opostas.
Vou explicar melhor: se você pára de
beber precisa mudar de amigos, de lugares que frequenta e até de músicas que
ouve. Porque é o estilo de vida que dita quem você vai ser. A gente fica sendo
assim mais ou menos na vida porque não escolhe logo o lado para o qual quer ir.
Não dá para alguém querer ao mesmo
tempo frequentar churrasco e tomar chá e meditar.
Por isso, é muito importante escolher
na vida aquilo que a gente realmente gosta. Ninguém consegue sustentar por
muito tempo uma vida que não te satisfaz.
A resposta para resolver todos os
problemas é: paixão!
Se tiver paixão você consegue viver
mesmo sem algumas das coisas que você gosta ou mesmo precisa.
Puxa, Ivi, mas você não fala que
paixão é sofrimento? Sim, é. Paixão é você se sacrificar por algo ou alguém
porque esse sentimento vai te movendo e não te deixa desistir, entende?
Dói? Sim, dói. Mas, sem paixão
você desiste logo.
Veja o exemplo da paixão de Cristo.
Não é o momento glorioso da entrada em Jerusalém. Paixão é o suplício, é o
momento de carregar a cruz até o calvário.
Mas foi a melhor escolha que Jesus
fez. Por nós! Paixão pela humanidade. Paixão pelo seu propósito de melhorar os
humanos.
E o que falta na nossa vida?
Paixão!
Mesmo sabendo que daqui há pouco tudo
vai acabar. Paixão é o combustível das grandes realizações.
Quando você descobre qual é a coisa
que te deixa apaixonado você tem motivação, o julgo se torna leve, você
consegue seguir em frente mesmo com feridas nos pés e nas mãos. Mas é bem
difícil achar uma paixão na vida, a maioria de nós vive e morre sem
encontrá-la. Alguns poucos a encontram e se tornam excepcionais.
Mas, como se entregar à
paixão de modo que ela não te paralise?
"Paixão e gradatividade".
Foi o conselho de Pavlov (fisiologista russo que estudou o reflexo
condicionado), em seu leito de morte, num último e breve conselho aos seus
discípulos sobre como vencer na vida.
Ou seja, que a paixão venha aos
poucos, construída dia-a-dia e não como um rompante louco. Que seja alimentada
e cresça devagar, assim como uma fogueira quando lhe depositamos lenha. Hoje e
sempre, até que a morte apague a chama - ou a faça brilhar ainda mais.
Nenhum comentário:
Postar um comentário