quarta-feira, 10 de novembro de 2021

ARTIGOS vou postar aqui alguns artigos meus que foram publicados em jornais locais.

 

Tudo tem um preço

Ivi Pastorelli Morita

        Pode até parecer coisa de mercenário, mas não é. Porque tudo tem um preço e nem sempre estamos falando em dinheiro.

        Você já ouviu milhões de vezes que ninguém vive sozinho e para viver em sociedade é preciso pagar um preço.

        Sim, agora estamos falando de dinheiro. Se você não tiver dinheiro não vai ter como comprar roupa e comida, não vai ter onde se abrigar do frio e da chuva e, provavelmente, vai morrer.

        Mas também estamos falando de outro tipo de cobrança: se você tem uma família, você tem que pagar o preço de obedecer regras, você precisa dispender tempo, carinho, atenção - esse é o preço!

        Se você quer ter um emprego, precisa se sujeitar a normas, horários, precisa saber lidar com encarregados, chefes, companheiros de trabalho e, muitas vezes, traições - isso, às vezes, é um preço muito alto para a maioria de nós.

        Se você trabalha por conta própria precisa pagar o preço de ser sempre agradável com o cliente, com o fornecedor, com o transportador, precisa calcular muito bem os lucros e os gastos, precisa resolver conflitos com os colaboradores, precisa trabalhar quando todo mundo já foi para a casa descansar. Isso é um preço a pagar.

        Morar sozinho também tem um preço, você pode acordar no meio da noite e não ter alguém para te ajudar se estiver com muita dor e não conseguir chamar o socorro.

        A liberdade tem um preço alto.

        Se mora com alguém pode ter que suportar coisas que não gosta e fazer o que não quer. Isto é um preço.

        Ser rico tem um preço alto, na maioria das vezes o trabalho que te traz o dinheiro te tira o tempo e a vontade que você precisa para agradar pessoas que não vão te trazer dinheiro.

        Ser bom em alguma coisa também tem um preço - estudos, treinos, viagens, noites em claro, dores.

        A morena bonita tem um preço e o empresário rico também. Seus filhos tem um preço, sua nora tem um preço. O cabelo bonito tem um preço. O corpo perfeito tem um preço. O carro na garagem tem um preço. Morar na praia tem um preço.

        A gente vai pagando aqui e ali, muitas vezes com um desgaste emocional tremendo. Por quê? Ora, porque você não tinha cacife para pagar o preço que a vida ia te cobrar -  e muitas vezes daí surge a  dor nas costas, a tristeza sem motivo e outras coisas que a gente nem percebe, mas estão lá incomodando - como monstros dentro da gente. Quem nunca encontrou alguém que vai para a beira do rio "esfriar a cabeça" ou queria ir morar no meio do mato afastado de tudo e de todos? Ou bebe para esquecer? Ou toma um doce para se desligar? Estão vendo que o preço é alto demais e sua capacidade de pagar não!

        O que a gente deve fazer então?

        Comprar aquilo que a gente dá conta de pagar. Morar na casa que a gente dá conta de alugar. Casar com a pessoa que a gente dá conta de satisfazer. Trabalhar no serviço que a gente dá conta de executar. Ter amigos que a gente dá conta de agradar. Falar sobre coisas que a gente dá conta de entender.

        Mas, se você quer uma coisa que tem um preço muito alto, então é melhor desistir? Não! A vida é interessante por isso: tudo e todos têm um preço e muitas vezes surge alguém que você nem tinha visto na disputa e consegue pagar o preço! Cada um sabe até onde consegue chegar e que preço pode pagar - só você sabe.





Tudo me é lícito, mas nem tudo me convém

Ivi Pastorelli Morita

      A frase acima é uma citação bíblica, atribuída ao apóstolo Paulo. Basicamente diz que devemos fazer o que queremos desde que isso não prejudique ninguém.

      Porque o universo é uma manifestação do divino e a lei mais atuante é a lei do retorno, a lei da causa e efeito, onde tudo o que você faz volta para você.

      Mas isso muitas vezes não é possível. Vamos pensar num mandamento básico que rege inclusive nossa vida social: Não matarás. Sim, não mataremos desde que não estejamos correndo perigo. Se você tomar como exemplo uma mãe, suponhamos que ela descubra que alguém está planejando fazer mal a seu filho, o "não matarás" acaba dando lugar ao "não ouse tocar num fio de cabelo dele!" - e, sim, essa mãe é capaz de matar para proteger a sua cria.

      Seguindo ao pé da letra, corremos o risco real de ficarmos paralisados pelo medo e não fazemos nada porque no fim tudo o que a gente faz pode prejudicar alguém.

      Por exemplo, se você conseguiu a vaga de emprego, "prejudicou" outros que lutavam pela vaga.

      Então, como saber o que me convém fazer?

      Como saber em que medida não vou prejudicar alguém?

      Viver é saber equilibrar os prejuízos que causamos aos outros, mesmo sem intenção.

      Devemos seguir aquilo que nos faz crescer, evoluir e ser um agente da divindade na vida (Vós sois a luz do mundo!).

      Não precisamos de alguém que nos diga que é errado matar, que é errado roubar, que é errado desrespeitar o livre-arbítrio de outra pessoa.

      O que me convém?

      A cada um a resposta é diferente. Que objetivos você quer alcançar? Que princípios e valores são os seus? Quem você quer ser? O que você quer defender? Quem é importante para você? O que é importante para você?

      Tudo me é lícito, mas só me convém aquilo que está de acordo com o meu pensamento e com o meu coração. O resto todo é ilusão!

      Não há o que seja certo, mas o errado é você se curvar sob a expectativa e as verdades das outras pessoas.

18/09/2021






Paixão e gradatividade

Ivi Pastorelli Morita

 

 

          Estávamos hoje em casa conversando sobre como é impossível viver duas coisas opostas.

          Vou explicar melhor: se você pára de beber precisa mudar de amigos, de lugares que frequenta e até de músicas que ouve. Porque é o estilo de vida que dita quem você vai ser. A gente fica sendo assim mais ou menos na vida porque não escolhe logo o lado para o qual quer ir.

          Não dá para alguém querer ao mesmo tempo frequentar churrasco e tomar chá e meditar.

          Por isso, é muito importante escolher na vida aquilo que a gente realmente gosta. Ninguém consegue sustentar por muito tempo uma vida que não te satisfaz.

          A resposta para resolver todos os problemas é: paixão!

          Se tiver paixão você consegue viver mesmo sem algumas das coisas que você gosta ou mesmo precisa.

          Puxa, Ivi, mas você não fala que paixão é sofrimento? Sim, é. Paixão é você se sacrificar por algo ou alguém porque esse sentimento vai te movendo e não te deixa desistir, entende?
          Dói? Sim, dói. Mas, sem paixão você desiste logo.

          Veja o exemplo da paixão de Cristo. Não é o momento glorioso da entrada em Jerusalém. Paixão é o suplício, é o momento de carregar a cruz até o calvário.

          Mas foi a melhor escolha que Jesus fez. Por nós! Paixão pela humanidade. Paixão pelo seu propósito de melhorar os humanos.

          E o que falta na nossa vida?

          Paixão!

          Mesmo sabendo que daqui há pouco tudo vai acabar. Paixão é o combustível das grandes realizações.

          Quando você descobre qual é a coisa que te deixa apaixonado você tem motivação, o julgo se torna leve, você consegue seguir em frente mesmo com feridas nos pés e nas mãos. Mas é bem difícil achar uma paixão na vida, a maioria de nós vive e morre sem encontrá-la. Alguns poucos a encontram e se tornam excepcionais.

                    Mas, como se entregar à paixão de modo que ela não te paralise?

          "Paixão e gradatividade". Foi o conselho de Pavlov (fisiologista russo que estudou o reflexo condicionado), em seu leito de morte, num último e breve conselho aos seus discípulos sobre como vencer na vida.

          Ou seja, que a paixão venha aos poucos, construída dia-a-dia e não como um rompante louco. Que seja alimentada e cresça devagar, assim como uma fogueira quando lhe depositamos lenha. Hoje e sempre, até que a morte apague a chama - ou a faça brilhar ainda mais.