quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

Sobre animais


Valorizar a vida

Na década de 80 o cantor Eduardo Dusek, satirizando, cantava: “troque, troque seu cachorro por uma criança pobre”. E hoje o trabalho de pessoas que se preocupam com o direito dos animais ainda sofre algum tipo de retaliação desse tipo: “Se fizessem pelos humanos o que fazem pelos bichos...” ou “Queria ver se fosse gente se eles também tratariam assim...”.
O que queremos que todo mundo entenda é que nas Sociedades Protetoras dos Animais está nascendo a semente da transformação pessoal. Gente que se preocupa com sua harmonia interior, com a saúde do planeta, com a proteção de um ser vivo e está colocando a primeira pedra para que a sociedade possa mudar para melhor. Um mundo onde a ligação do homem com a natureza seja respeitada. Um mundo onde se entenda que o que eu faço afeta a todos ao meu redor, por isso mesmo eu posso fazer tudo o que eu tenho vontade desde que não prejudique ninguém, desde que não prejudique a harmonia da vida ao meu redor.
Uma grande crueldade que os protetores de animais sentem é quando alguém abandona um animal doméstico. Como já disse o cantor Roberto Carlos em uma música: “animal ferido, domesticado esquece o risco.”. Um animal que nasceu em cativeiro dificilmente sobrevive se for solto. Em especial os cães e gatos, além do perigo do atropelamento por automóveis, muitos pegam doenças e por não saberem caçar acabam morrendo de fome nas estradas e nas esquinas. E aquilo que você faz de mal para os outros sempre volta mais forte para você.
Está na Bíblia que Deus criou o homem no 6˚ dia, quando a natureza já estava pronta para recebe-lo e apesar de perder o direito a imortalidade por comer o fruto da Árvore do Conhecimento do Bem e do Mal, ainda assim o homem permaneceu na espécie em que foi criado, com mente e alma, com domínio sobre os outros animais. É necessário que o homem, sabendo disso, tenha um enorme sentimento de gratidão  para com a vida e respeite a evolução de cada ser.
Acolher e respeitar a cada ser vivo é uma obrigação humana. Ninguém está pedindo para você sair por aí tentando salvar as baleias ameaçadas de extinção. Queremos que faça o possível para cuidar bem daquele ser vivo que você tem em casa, seja ele  um cachorro, um gato ou um passarinho. Se chegou a conclusão de que não tem recursos (se não tem espaço em casa, não tem tempo, não tem paciência ou não tem dinheiro para tratar) então procure doá-lo para alguém que esteja disposto a ficar com ele ou procure a Associação Protetora dos Animais. Nunca o abandone na rua ou num lote vazio.  Isso é crueldade extrema.
E, principalmente, antes de pegar um animal e levar para casa, lembre-se que assim como se fosse um humano, o animal vai exigir de você: tempo, carinho, dinheiro, espaço e cuidados. Se não pode, não pegue. Assim vai ser melhor para você e para ele.
Qual é o trabalho da Associação Protetora dos Animais?
É proteger os animais silvestres contra a violência humana e proteger os animais domésticos contra o descaso e o abandono. Ninguém duvida que é mais importante alimentar uma criança do que salvar um animal da fome. Mas esperamos que chegue um dia em que não seja preciso escolher a quem alimentar, pois haverá comida e acolhida para todos.
E quando alguém pergunta: “ah, por que perder tempo resgatando cachorros abandonados se há tantas questões mais urgentes para serem tratadas?”. Respondemos simplesmente que não há questão mais importante do que a vida, seja a minha, a sua ou a de um gato.
Queremos que as próprias crianças sejam envolvidas nesse trabalho de proteção dos animais, para criar uma nova consciência coletiva.
Porque quando resgatamos cachorros ou gatos que um dia foram abandonados nas ruas de Votuporanga, não estamos querendo apenas salvar as vidas desses animais. Queremos muito mais, queremos resgatar os valores humanistas já um pouco esquecidos. Resgatar o amor à natureza, resgatar a harmonia entre os seres, resgatar a compaixão, resgatar a solidariedade, a empatia, o trabalho em equipe, resgatar acima de tudo aquele sentimento que se bem cultivado como semente pode dar muitos frutos: a valorização da vida.


Esse texto eu fiz para Neide Romani que me pediu que escrevesse sobre a crueldade que é o abandono de animais domésticos.